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O Projeto Cápsula 2025 – Identidades Negras entende que Ser Negro é um ato coletivo de ressignificação da imagem. A partir de mini projetos desenvolvidos pelos próprios integrantes, os ensaios deste ano mergulham nas potencialidades de cada corpo fotografado, tendo como horizonte o afrofuturismo, mas atravessados também pela decolonialidade, pelo quilombismo e pela urgência de construir novas memórias visuais sobre corpos negros periféricos.

Cada etapa do processo é vivida em conjunto: da concepção à iluminação, das referências textuais e visuais às entrevistas inéditas, cada decisão é fruto de discussão coletiva. A fotografia performática é nosso alicerce, mas o experimento artístico abre frestas para o inesperado, permitindo que a imagem não seja mera reprodução, mas criação viva de mundos.

Como nos lembra Beatriz Nascimento, pensar identidade negra é "romper com o aprisionamento da imagem imposta" e conquistar o direito de narrar-se em outras formas. Assim, os ensaios não se limitam a registrar corpos negros periféricos — eles projetam futuros. Convocam cada fotografado a deslocar-se para além das margens, afirmando-se como sujeito ativo e criador de sua própria história.

Frantz Fanon nos recorda que a descolonização é, sobretudo, "a criação de homens novos". Ao dar visibilidade à potência estética, política e cultural dos retratados, o Projeto Cápsula 2025 – Identidades Negras se inscreve como gesto de insurgência imagética, como rebelião contra o olhar colonial, afirmando: somos mais do que imagens domesticadas, somos fabulações de liberdade.

E Lélia Gonzalez nos ensina que pensar a negritude no Brasil é indissociável da experiência da amefricanidade, essa fusão de memórias africanas e indígenas que pulsa nas periferias urbanas. Nossos ensaios, ao dar centralidade a corpos negros periféricos, reconhecem essa herança e a transformam em horizonte político e poético, reafirmando que não há futuro sem a memória insurgente do povo negro.

Assim, cada fotografia é mais que um retrato: é um ato político, um chamado à reflexão. Olhar para esses corpos é confrontar a violência histórica das imagens coloniais, mas também é vislumbrar o poder de um povo que insiste em existir, resistir e reinventar-se. O Projeto Cápsula 2025 não é apenas sobre fotografia, é sobre memória, luta e liberdade.

FOTOS: ROGER SILVA

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